Hoje vamos falar com um jovem treinador português que, apesar da sua juventude, já teve uma longa carreira no banco de suplentes.
Trabalhou tanto na juventude como no futebol sénior, onde trabalha atualmente. Hoje vamos falar com Ricardo Afonso, que nos conta a sua experiência, carreira e conhecimento do futebol.
Como Ricardo começou na bancada?
Comecei como treinador numa escola de futebol do Sport Clube Canidelo aos 15 anos de idade, ainda era atleta quando me surgiu o convite e fiquei extremamente entusiasmado por puder fazer o que tanto queria que era treinar.
O meu sonho de ser treinador aparece aos 9 anos de idade quando dizia a todas as pessoas que queria ser treinador de futebol, estudava muito, lia e fazia as minhas avaliações desde muito jovem, o que penso que também me ajudou muito como atleta.
Que memórias tem dos seus primeiros anos como treinador?
Recordo-me bem de retirar muito tempo para preparar as sessões de treino, avaliar cada atleta ao detalhe e criar de certa forma um plano para cada um deles, isto é, perceber e identificar as características de cada um e melhorá-las de forma a ajudar a equipa.
Estamos a falar de uma equipa de Sub-9 e outra de Sub-12, tive a sorte da equipa de Sub-9 ser o meu laboratório, conseguia criar exercícios simples, mas que acabavam por ao fim de algum tempo ver-se uma evolução acentuada em cada um dos jogadores, o que para um treinador de formação na altura era extremamente gratificante.
Para que equipo trabalhou ao longo dos anos?
Ao longo deste 9 anos de carreira onde estive na formação e no futebol sénior tive a sorte e o prazer de trabalhar no Sport Clube Canidelo, no Futebol Clube Perafita, na Escola Academia Sporting CP VN Gaia, no Sporting Clube Esmoriz, isto em contexto de formação, já em contexto sénior representei o Sporting Clube Ideal, o Grupo Desportivo São Roque e estou atualmente no Sport Clube Marítimo.
Qual é para Ricardo o aspeto mais importante do trabalho no futebol de base?
Aquilo que na minha opinião é o mais importante trabalhar no futebol de base é a tomada de decisão e as capacidades volitivas, sem dúvida, na minha prespetiva um jogador no futebol atual que consegue decidir bem consegue estar num patamar diferente dos outros, o facto de se colocar bem é importante também porque quem tem espaço tem tempo no futebol, agora aquilo que define no fim de tudo a qualidade do jogador de futebol para além da técnica, é as decisões que este toma, é a capacidade que este tem de resolver problemas, a capacidade que este tem de ver coisas que os outros não são capazes de ver.
Quanto às capacidades volitivas que falo, são fundamentalmente a superação, a capacidade de reagir à adversidade, a disciplina, o foco, coisas que são fundamentais para o atleta perceber se pode ou não ser um jogador top, o facto de não desistir, de estar sempre motivado para treinar, de ser rigoroso, de se superar, de perceber que pode ou não jogar…
Esta parte cognitiva é primoridial no futebol e por isso digo e afirmo que mais do que técnica, tática e até mesmo o aspeto físico, o aspeto emocional e psicológico dos atletas deve ser trabalhado de uma forma rigorosa e constante.
Você acha que o treinamento é realmente dado dentro do futebol de base ou é apenas em busca de resultados?
Penso que hoje em dia a maior parte das pessoas ligadas ao futebol querem resultados, mas muito disso se deve à evolução do jogo, o jogo está cada vez mais exigente e da mesma forma que os atletas têm de ganhar e sobressair para serem contratados e vistos, os treinadores pensam, na minha ótica, exatamente a mesma coisa e daí procuram muito mais os resultados.
Porém, hoje em dia também existem mais críticos e avaliadores do trabalho dos treinadores mesmo no futebol de base, infelizmente e cada vez mais existem despedimentos no futebol de formação o que provoca uma mudança de comportamento da parte dos intervenientes.
Que metodologia utiliza no seu treino diário?
Procuro utilizar uma forma de trabalho que permita à minha equipa estar totalmente preparada para o jogo, isto é, aproximar os treinos para possíveis cenários que possam surgir em competição.
Procuro uma metodologia de trabalho que alie a técnica, a tática, o aspeto físico e o aspeto psicológico, mas tudo com um denominador comum, a bola, porque acredito que a bola é o que fez com que os jogadores quisessem ser jogadores e é a bola que faz com que os treinadores queiram ser treinadores.
Dentro daquilo que é a minha construção de treino, procuro de uma forma constante que os meus exercícios sejam promotores de autonomia e criatividade, situações mais abertas que permitam aos jogadores terem capacidade de resolverem problemas em treino e estejam preparados para resolver em jogo.
Qual é o projeto em que trabalha atualmente?
Neste momento, sou treinador principal da equipa sénior do Sport Clube Marítimo que disputa o Campeonato Futebol dos Açores em Portugal.
Pensa que o aspeto psicológico é um ponto a trabalhar no futebol de base?
Como referi anteriormente, o aspeto psicológico é um ponto-chave a trabalhar no futebol base porque devem ser fundamentalmente trabalhados de forma rigorosa e sistemática.
A capacidade de reagir à adversidade, ao insucesso, a disciplina, o foco, coisas fundamentais para trabalhar perto dos jogadores de forma regular, o facto de não se desistir, de estar sempre motivado para treinar, de ser rigoroso, cumpridor, de se superar e ir à procura constantemente da perfeição…
Esta parte cognitiva é fundamental no futebol e por isso digo e afirmo que mais do que o aspeto técnico, tático e estratégico e até mesmo o aspeto físico, é o aspeto emocional e psicológico dos atletas que deve ser trabalhado de uma forma rigorosa, constante, sistemática e primária.
Qual é a mensagem que transmite aos seus jogadores quando chega a uma equipa ou no início de uma época?
A mensagem passa muito por alguns pilares que penso serem os que melhor definem o meu trajeto como treinador, educação, respeito, rigor, exigência, competência, compromisso, profissionalismo e ganhar. São peças-chave para fazer um bom trabalho e criarmos uma identidade dentro de qualquer clube.
Como Ricardo evoluiu como treinador?
A minha evolução como treinador tem vindo a ser bastante rápida por sinal, porém acredito que tem sido de uma forma bastante sustentada, comecei aos 15 anos e neste momento tenho 24 anos, dessa forma o facto de estar ligado ao treino como treinador à 9 ano dá-me uma certa bagagem para os projetos futuros.
O meu percurso ao estar ligado à formação e neste momento ao futebol sénior têm me vindo a dar diversas perspectivas, ideologias e experiências que ao fim ao cabo me ajudam a estar confortável a trabalhar tanto na formação, como no futebol sénior.
Na minha maneira de ver, isso é a parte mais importante no fim de tudo, a possibilidade de colocar em prática aquilo que é o nosso conhecimento teórico e posso dizer que a reprodução de conhecimento e a própria captação de conhecimento tem sido aquilo que mais me tem permitido desempenhar a minha função como treinador da melhor maneira possível.
O que é o Futbolverdadero para Ricardo?
Para mim Futbolverdadero é paixão, trabalho, foco, determinação, alegria, criatividade, ousadia, disciplina, responsabildade, é ganhar.
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